17/11/2014

* PJ Entrevista: Autora Bruna Karyne! ♥

postado por Carol Daixum

Oi, Gente! 

Queria pedir desculpas pela falta de post nos últimos dias, mas dormi praticamente o fim de semana inteirinho. Viajar é muito bom, mas enfrentar mais de nove horas de viagem não é fácil. Falando nisso, vou passar mais uma temporada na minha amada Suíça! Uhul \o/!! Ah! Quem tiver sugestões de posts, é só mandar e-mail ou colocar na caixinha de comentários. ;-) 

Enquanto isso, mais uma entrevista. Dessa vez, com a autora Bruna Karyne. Ela escreveu o livro "11 Contos e 1 Fábula", que foi lançado em 2013. Todas as entrevistas me ensinam algo e essa me ensinou muito e deu aquele gás no meu desejo de ser escritora. Se você tem esse sonho, você vai amar esse post. Mesmo a realidade sendo dura, se você ama e tem convicção do que quer, as respostas da Bruna vão te dar um incentivo a mais. Enfim, vamos lá?

Entrevista: 
Autora Bruna Karyne!

1. Qual foi a sua maior inspiração para escrever "11 Contos e 1 Fábula"? 
R: Bem, acho que a inspiração não veio de uma coisa exterior, mas de mim mesma, do universo de tudo o que eu sinto. Tudo o que foi escrito começou comigo, com alguma emoção que me afetou, positiva ou negativamente, e eu simplesmente precisei parar o que quer que eu estivesse fazendo para "dar vazão" a ela. Escrever também é uma forma de esclarecer algo: parece que no papel, nas vozes de outros personagens, as coisas finalmente tomam forma e falam por si só. Nunca houve nada específico que originasse os contos, nada além de uma sensação qualquer que se escreveu sozinha, através de mim. Todo o processo de criação consistiu nesse transe de sentir algo e se deixar levar: muito antes de racionar sobre o que eu estava fazendo, as palavras já tinham sido escritas e puxavam outras. Então, para os contos, não há uma inspiração propriamente dita, mas para o projeto do livro, sim, e aí preciso citar a minha mãe. Foi ela que colocou isso na minha cabeça, quando eu tinha lá os meus 12 ou 13 anos. Por acaso, ela falou que conhecia uma moça que tinha escrito um livro - e levado até uma gráfica - e distribuído para os amigos e me perguntou, brincando, por que eu não fazia o mesmo. Mas eu levei a brincadeira a sério hahaha. Só tinha 3 contos escritos e, a partir de então, me programei para juntar um certo número e lançar meu próprio livro. 

2. Uma curiosidade do livro que nunca contou para ninguém. 
R: Uma curiosidade é a origem do próprio nome do livro. A partir do momento em que coloquei na cabeça a ideia de lançá-lo, precisava ter uma base de quantos contos colocaria nele - e simplesmente arbitrei o número 11, porque é o meu preferido. Acabou que ele ficou só no titulo mesmo, já que depois percebi que tinha muito material sobrando e decidi incluir pelo menos parte dele nesse livro, que tem 14 textos no total. Confesso que foi muito difícil escolher entre as minhas próprias histórias, quais deveriam entrar e quais ficariam de fora, ainda mais porque sou uma indecisa nata. Outra coisa curiosa foi o número de vezes que eu mudei coisas no livro: cada vez que lia, modificava alguma coisa. Eu mandava corrigirem vírgulas. Foram provas e mais provas que a editora me enviou, em um esforço obsessivo de edição, re-edição, "re-re-edição" e talvez esse meu perfeccionismo tenha contribuído para a demora da conclusão de tudo. Mas valeu a pena: eu não me sentiria bem se achasse que não tinha dado tudo de mim pelo meu próprio projeto. 

3. Qual é a tarefa mais difícil e emocionante da vida de uma escritora? 
R: Aprender a ter paciência. Consigo, com o próprio texto e com o mundo. As histórias podem não estar fluindo, você pode estar sem vontade de escrever naquele dia - é um direito seu -, as pessoas podem não entender ou dar valor ao que você escreveu, editoras podem não responder e não há garantia de que o seu livro fará qualquer sucesso. É preciso aceitar toda essa realidade, e isso é um processo interno. Entender que, antes qualquer um, é você que deve valorizar o que escreveu e continuar valorizando mesmo que as coisas não deem certo - e eu acho isso muito difícil. Acho que o escritor é uma pessoa muito sonhadora e, justamente por isso, apresenta uma dimensão de fragilidade. É o sonho dele - o livro - que está sendo exposto, julgado, rechaçado - ou não. Esse livro também pode estar simplesmente sendo ignorado. E é muito fácil, diante disso, a pessoa se culpar, se cobrar e duvidar de si mesma, achando que não fez tudo o que podia ou que o seu livro não vale a pena. O mercado editorial é difícil e existem muitas outras variáveis em todo o processo além do escritor e do esforço/mérito dele. É preciso enxergar isso e entender que as dificuldades não diminuem o seu valor - acho que aprender isso talvez seja o mais complicado. 

A parte mais emocionante é a sensação de, mais do que um trabalho bem feito - porque escrever é um "ócio trabalhoso" -, é a verdade, quer dizer, a sensação de que aquilo que você escreveu realmente significa algo para você, assim como pode significar para muitos outros. Acho que o mais emocionante é ver que o seu texto toca outras pessoas, mas também você mesmo. E a magia está ai: em escrever sobre o que se sente e, de repente, perceber que essa angústia ou alegria não é exclusivamente sua. Diria até que é catártico. 

4. Para quem deseja ser uma escritora, o que não pode faltar? E como funciona todo o processo? 
R: Nossa, muitas coisas. Força, paciência, persistência, confiança no próprio trabalho, calma. Mas acima de tudo, amor ao que se faz - no fim das contas, é isso que segura as pontas. Todas essas as outras características você pode desenvolver pelo caminho: pode se desesperar primeiro para depois entender que é inútil, duvidar de si antes de acreditar que é capaz, sentir-se impotente sem perceber a força que tem. Pode pensar em desistir mil vezes e desistir de desistir mil e uma - o que acaba fazendo de você, por incapacidade de jogar tudo para o alto, uma pessoa persistente. E essa incapacidade se deve ao amor. Foi ele que fez você se dedicar àquilo, em primeiro lugar, e é ele que vai fazer você continuar se dedicando, apesar dos pesares. A motivação precisa ser o amor - não fama, dinheiro, sucesso. Isso tudo é desejável, claro, mas deve ser consequência, jamais a causa, precisamente porque não há garantia de nada. Você pode ganhar dinheiro - em diferentes níveis - ou não em inúmeros trabalhos, mas só alguns destes realmente te satisfariam intimamente. Se em tudo há risco, mais vale se arriscar em/por algo que se ama. Talvez isso soe como um clichê hipócrita, mas é no que realmente acredito e procuro por em prática. 

O processo é demorado e bem complicadinho. Diria que escrever é a parte mais fácil, porque só depende de você. Depois disso, os caminhos são a autopublicação ou as editoras - nos dois, o grande problema ainda será a divulgação. As editoras não têm estrutura para divulgar igual e eficazmente todos os livros que produzem - e muito menos você sozinho. Como um livro vai parar numa livraria? E, na livraria, como fazer para ele ser colocado em um lugar em que, pelo menos, seja visto - e não no canto escuro de uma prateleira escondida lá no fim da livraria? E, ainda que ele esteja em destaque na loja, como fazer o leitor em potencial se interessar? Todas essas são questões que independem do escritor. Ele fez o seu trabalho, escreveu. Depois disso, passou a depender sempre de outras pessoas: um gerente de compras de uma livraria que, por algum motivo, venha a se interessar pelo seu livro e decida colocá-lo na livraria; um leitor que decida que vale a pena gastar dinheiro e tempo com o seu livro. Mas muito antes disso: uma editora que ache que o seu livro vai vender e, por isso, aposte nele. Seu livro - se você não é famoso/razoavelmente conhecido ou escrever o que está na moda - é uma aposta "no escuro". E, assim, como você apostou no seu sonho, outras pessoas precisam fazê-lo, coisa que nem sempre acontece. Isso tudo realmente me deixa tentada a dizer o óbvio: é arbitrário. 

5. Você sempre quis ser escritora? O que te motivou (e motiva) a escrever? 
R: Bem, eu sempre escrevi e gostei de escrever, mas até começar a desenvolver "11 contos e 1 fábula", não tinha me tocado de que era isso que eu queria fazer. Estava naquela fase em que todas as profissões possíveis passavam pela minha cabeça hahaha. Já tinha uma inclinação a fazer Letras, mas mais para estudar Literatura do que escrever mesmo, embora uma coisa puxe a outra. Hoje faço Cinema, mas também é porque quero contar alguma coisa. As linguagens - de livro e filme - são diferentes, mas, no final, trata-se sempre de criar e dar forma - escrevendo no papel ou mostrando em uma tela - a algo, a princípio, meio intangível. Então, acredito que o propósito seja o mesmo. 

Acho que o que me motiva a escrever é justamente isso de dar forma e vazão às sensações que me acometem em determinados momentos. Elas explodem em mim do nada e, quando me dou conta, já estou escrevendo ou interpretando uma cena que surgiu na minha cabeça. Ou as duas coisas, porque quando escrevo ainda estou inundada pela imagem dos personagens que vou criando no meio do caminho. Acho que todo escritor se perde nos seus próprios devaneios mesmo, é como fazem "trabalho de campo". No entanto, a parte mais gratificante de tudo é ver que há pessoas que se identificam com o que você escreve, que também sentiram ou já viveram aquilo. Por isso, escrever pode ser um processo individual, mas nunca individualista, muito pelo contrário: os textos - ou filmes - podem confortar e unir as pessoas, porque simplesmente as lembram de que não são só elas que se sentem daquela maneira ou vivem aquela realidade. Para mim, é como um lembrete de que você não está sozinho. 

6. Pensa em escrever mais livros? Vai seguir a mesma linha ou vai mudar de gênero? 
R: Que pergunta! Eu mesma já me perguntei isso umas mil vezes. No momento, não tenho nada em mente, mas acho que seria inevitável. Na verdade, espero que seja, porque não gostaria que esse fosse o meu único livro hahaha. Quero escrever bem mais. Sei que, se houver um próximo livro, ele será um romance, embora eu pretenda continuar escrevendo contos à parte. Tenho muitas ideias, mas elas ainda precisam ser bastante elaboradas. 

7. Se tivesse que salvar três livros, quais seriam os escolhidos? 
R: É uma pergunta difícil, porque eu ainda não tive tempo de começar a ler muitos que acho que amaria. Dos que já amo, escolheria "A Sombra do Vento", de Carlos Ruiz Zafón, um livro maravilhoso que me viciou no autor. "A Redoma de Vidro", de Sylvia Plath, que me encantou desde a primeira página.  E "Clarice na cabeceira", uma compilação de contos da Clarice Lispector, minha autora preferida. 

Para finalizar a entrevista, a Bruna mandou 
um recado fofo para a gente! 
Foi um prazer dar essa entrevista para o blog - a minha primeira - e poder falar mais sobre mim e "11 contos e 1 Fábula". Leiam e sintam-se à vontade para comentar e conversar comigo sobre o livro. Espero que tenham gostado da entrevista e, quem quiser me conhecer ou saber mais do livro, pode ir à "Vila dos Autores", no AMORio2, um evento só com novos autores, nos dias 6 e 7 de dezembro, de que vou participar. Espero vocês lá. Um grande beijo e muitos abraços!
Bruna. 


** 

Foi uma das entrevistas que eu mais amei as respostas. Principalmente, as respostas 3, 4 e 5. ♥
Muito obrigada, Bruna! Seu livro já está na minha listinha. ;-)

Falando nisso, quem quiser comprar, o livro está disponível no site da Saraiva, da Cultura e da própria editora, a Livre Expressão. Agora também na Estante Virtual, que distribui para o Brasil inteiro (o nome do vendedor é "Ronaldo Livreiro"). Os cariocas encontram também na Livraria Leone (shopping Millenium, na Barra da Tijuca) e na Carga Nobre (PUC). E como ela informou na entrevista, quem quiser conhecê-la de pertinho, nos dias 6 e 7 de dezembro ela vai participar de uma feira para Novos Autores. Mais informações: link do evento. Ah! Mais para frente, a Bruna vai entrar no mundo dos blogs. Desde já, seja bem-vinda! Quando tiver tudo certinho, coloco aqui no Pequena Jornalista o endereço. 

Gostaram? Podem opinar à vontade! 

Um beijo, 
Carol

P.S: Crédito da foto - Site da Saraiva. 
P.S: Agradecimentos: Erika, a minha psicóloga fofa, que me passou o contato da Bruna. Obrigadinha! ;-)


23 comentários:

  1. Gente, que querida!! Adorei a entrevista, sucesso pra ela.

    http://www.novaperspectiva.com/

    ResponderExcluir
  2. Curti a entrevista :) e que bom q tem tantas brasileiras sendo reconhecidas e nossa literatura cada vez ficando maior com pessoas talentosas!
    bjokas http://diadebrilho.com

    ResponderExcluir
  3. Que simpática a autora. Adorei a entrevista. Interessante a ela estar fazendo cinema, realmente mostra que ela tem algo para contar.
    Fiquei curiosa para ler o livro!

    Beijo,
    http://www.pitadadecultura.com/

    ResponderExcluir
  4. Frieeeeeeeend

    A gente desculpa sua sumida, porque você está na Suíça, né?
    Hahaha.

    Adoro suas entrevistas com autores. Acho um trabalho muito legal de divulgação da literatura nacional.

    Espero que em breve eu possa entrevistar você pelo seu livro!
    :D

    Beijooooos

    www.casosacasoselivros.com

    ResponderExcluir
  5. ainda nao conhecia o titulo, curti bastante a indicação!

    www.tofucolorido.blogspot.com
    www.facebook.com/blogtofucolorido

    ResponderExcluir
  6. Oi Carol! Eu já pensei muito em escrever um livro. Acho que mentalmente já escrevi vários, na verdade. Quem sabe um dia! A entrevista da Bruna tá demais, muitas revelações sobre esse mundo editorial. Acho que a parte mais complicada é se conformar caso o livro não faça sucesso. Afinal, é um grande tempo despendido e muita dedicação, é impossível não querermos reconhecimento. Beijinhos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que vale o risco! :) também já escrevo vários mentalmente hahaha beijo Bruna ;-))

      Excluir
  7. Muito legal isso que ela falou sobre ter paciência! Tenho que aprender a lidar com isso também (apesar de não ser escritora), acho que o conselho serve para todos nós, né?

    ResponderExcluir
  8. Oie, tudo bem? Eu não conhecia ela, gostei muito da entrevista, as respostas dela foram interessantes, não foi uma entrevista chata!
    Adorei!
    beijinhos

    www.izabellagrimaldi.com

    ResponderExcluir
  9. Tb super curti a entrevista dela, sério!! Me parece muito querida :)
    Beijinhos, Té
    www.bloglola.com.br

    ResponderExcluir
  10. Muito interessante e esclarecedora a entrevista!
    Quando era mais nova eu escrevia muito e pensei em lançar um livro, mas a ideia esbarrou no que aconteceria depois de escrever - quem toparia publicar, como divulgaria, como venderia e assim por diante.
    Quem sabe um dia?
    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom, Anne! Acho que o medo é normal, mas quando amamos, acho que vale! :-)) quem sabe não te entrevisto também? Se vc gosta, pensa de novo na ideia! :) beijo

      Excluir
  11. Que bacana a entrevista dela! Gostei bastante. Muito sucesso com o livro :D

    Beijinhos
    Nath || www.fashionjacket.com.br

    ResponderExcluir
  12. Muito sucesso pra ela!! Bruna é muito fofa e merece seu reconhecimento! Tô louca pra ler o livro, não vejo a hora do semestre acabar! Parabéns!

    ResponderExcluir